quinta-feira, abril 30, 2009

Silêncio e tanta gente

Ordens


Pressuponha eu que o objectivo primordial das denominadas Ordens profissionais visasse um conjunto de importantes princípios de carácter deontológico para o exercício humanizado da profissão. Mas o que se vê, quase sem excepção, é a defesa dos interesses da casta em regime corporativo.
Entre a Ordem e o sindicato bem que se procura, mas raramente se dá pela diferença.
Falta ordem?

Exemplo de uma Tourada Picada- "Sorte de Varas"

Não acredito que este tipo de espectáculo acrescente alguma mais valia às Touradas. Acho que é um espectáculo gratuito de violência desnecessária sobre o animal. Não me revejo na posição dos deputados que apoiam a "Sorte de Varas" nem aceito que o meu partido esteja conotado com alguma posição, seja ela contra ou a favor. Por mim, dou apenas uma garantia... Vou votar contra a legalização da sorte de Varas.


Exemplo do que pretendem legalizar nos Açores...


A Janela do Mundo

A DEMAGOGIA FÁCIL SOBRE AS TARIFAS AÉREAS

Os anos de 2008 e 2009 têm sido um autêntico pesadelo para as companhias aéreas no mundo.

A IATA anunciou que este ano seria aquele com “worst revenue environment in 50 years”, com um prejuízo consolidado de 2,5 mil milhões de euros. Pela primeira vez, desde 1991, o tráfego de passageiros e carga decrescerá (em alguns segmentos a queda poderá ser superior a 20%). Um número recorde de companhias aéreas faliu ou entrou em processos de fusão. A TAP, que em 2009 transportou 9 milhões de passageiros, teve um resultado líquido negativo de 280 milhões, tendo de imediato anunciado um corte de mais de 2400 voos até Junho. Aliás, penso que o mais provável será uma forte injecção de capitais públicos e a alienação de aeronaves para poder salvar a TAP.

Por cá, a SATA não teve também um ano favorável. Todavia, apesar de ter transportado 1,5 milhões de passageiros (6 vezes menos que a TAP), teve um resultado líquido negativo de 2,8 milhões de euros (cerca de 100 vezes menos que a TAP).

Não obstante este contexto, que afinal só é bom para a empresa açoriana porque todo o sector em que se move está mal, e que entra pela cabeça de qualquer pessoa, tudo se exige com a maior facilidade à SATA, a qual é alvo de críticas por parte de responsáveis políticos só admissíveis desconhecimento ou por má fé.

Por exemplo: acusam a SATA de ser altamente financiada por dinheiros públicos que representam a sua sobrevivência. Não é correcto pois o financiamento público é responsável apenas por 3,35% da sua facturação global de 180 milhões de euros. Estes números significam que a sobrevivência da companhia depende quase em exclusivo da boa gestão da companhia e não do financiamento estatal. E nessa margem de gestão estão, naturalmente, para além do pessoal e dos combustíveis, o custo dos bilhetes. Referem, esses críticos crónicos, de forma demagógica, que os tarifários praticados de e para o continente, aos residentes e a turistas, são muito altos. Terão essas pessoas noção que, se quiserem viajar amanhã para Lisboa, vão pagar provavelmente metade do que paga um Madeirense para chegar ao mesmo destino pela EASYJET, apesar de estarem bem mais próximos do Continente? Saberão que a SATA é a empresa cujo preço médio cobrado por km é o quarto mais baixo da Europa? Saberão que a EASYJET cobra 700 euros por uma ida e volta na quadra natalícia a um turista de Lisboa para o Funchal?

Exigir é fácil e dá votos: baixas de preços, maior frequência de voos, pernoitas de aviões aqui e acolá, outras rotas, tolerâncias de carga. A verdade, porém, é esta: a crise que tem atingido este ano a maior parte das companhias aéreas no mundo chegará aos Açores e à SATA se esta abandonar a forma corajosa e sustentada como tem compatibilizado os interesses de serviço público de transporte com a viabilidade e o equilíbrio empresariais. Coragem e sentido de responsabilidade é o que não se pode perder.

terça-feira, abril 28, 2009

Pelo interesse da Região


Nenhum governo é infalível. O nosso também não o é. Nos últimos meses muito se tem falado de transporte marítimo de passageiros nos Açores. O processo do navio Atlântida, nomeadamente, o anúncio do Governo de rescisão do contrato com os Estaleiros de Viana do Castelo, tem sido alvo de muita especulação e até de muita má-fé. Penso que é meu dever tentar dar o meu ponto de vista, sobre este assunto, respondendo e esclarecendo algumas perguntas e afirmações que têm sido feitas.

É justo afirmar que não tem existido uma aposta deste governo nos transportes marítimos de passageiros?

Não. Basta pensarmos que desde 1998, apesar da sazonalidade deste tipo de operação, perto de 1 milhão de passageiros viajou pela nossa terra. Hoje, milhares de jovens, idosos, famílias, associações recreativas e culturais conhecem o nosso arquipélago graças a esta aposta estratégica dos governos do Partido Socialista.

É melhor ter barcos próprios para o bom desempenho desta operação de transporte marítimo de passageiros?

Sim. O Governo agiu bem e continua a fazer sentido ter barcos próprios, disponíveis todo o ano. O custo da operação só consegue baixar com a propriedade de dois navios que assegurem, por exemplo, uma gestão adequada de tripulações, conseguindo-se então um custo por passageiro de 75 Euros contra os cerca de 120 actuais, em resultado dos afretamentos.

O governo agiu bem ao adjudicar aos Estaleiros de Viana de Castelo a construção dos dois navios?

Agiu bem porque respeitou o concorrente que se apresentou como habilitado para o efeito e porque respeitou todas as normas técnicas e legais neste processo!

Agiu responsavelmente o Governo ao contratar pessoal qualificado para fiscalizar o andamento da construção dos navios?

Agiu bem! O Governo dos Açores contratou uma equipa que integra, entre outros, um engenheiro naval, um engenheiro de máquinas, um comandante e um imediato.

O Governo agiu bem, ao não rescindir o contrato com os EVC quando o PSD e a sua líder o propuseram?

O Governo dos Açores não é irresponsável! Agiu bem, pois nesse momento não tinha nenhuma comunicação formal da parte de quem construía o Navio, de que este não cumpria as disposições contratuais, nem nessa altura era essa a decisão que melhor defendia os interesses da Região. Não havia base jurídica para resolver o contrato. Seguir a posição do PSD seria um mau serviço aos Açores e aos açorianos, que poderia prejudicar a região em muitos milhões de euros.

O Governo dos Açores agiu bem ao rescindir o contrato com os EVC?

O Governo dos Açores agiu no interesse da região. O Governo só rescinde um contrato quando este não serve o propósito para o qual foi assinado. Ora a velocidade do navio sempre foi um dos critérios imperativos a cumprir ao longo de todo este processo. O Governo dos Açores agiu bem pois as condições exigidas, nomeadamente em termos de velocidade não foram cumpridas. Não serviam o interesse dos Açores! Não restando alternativa que não fosse rejeitar o Navio, quando existissem condições para isso. Mesmo neste caso, o governo foi precavido, pois tinha, em caso de rescisão do contrato, várias garantias bancárias que podiam ser executadas no valor de todos os pagamentos feitos no âmbito deste processo.

Conclui-se, assim, que o Governo agiu bem inicialmente, agiu bem durante, e acaba de decidir bem depois das provas finais a que foi sujeito o navio. Atrevo-me ainda a dizer, que, ponderado e revisto todo este processo, o Governo disse sim quando podia e disse não quando devia. Sempre em defesa dos Açores. Como sempre, alguma oposição diz não quando não deve e diz não sempre que pode. De um lado a oposição do NÃO, do outro o governo que governa.

Uns desfazem e outros, como nós, refazem.

Se fosse tarefa fácil o PSD não tinha desistido dela, deixando os Açores sem transporte marítimo de passageiros. Vamos continuar, por isso, a fazer o que pode ser feito e o que devemos fazer, para manter, melhorar e qualificar o transporte marítimo de passageiros que o PSD acabou e o PS restabeleceu. O PSD não conseguiu. Nós conseguimos e vamos melhorar.

O mar não é um obstáculo que fatalmente condiciona o desenvolvimento das nossas ilhas, esta era a visão do passado, do PSD, é sim um desafio e uma oportunidade para o desenvolvimento da nossa terra. É este o caminho que defendemos e que vamos continuar a defender, porque o transporte marítimo de passageiros entre as ilhas dá mais Açores aos Açores!

Fazer oposição assim, qualquer um faz

Assistimos no plenário de ontem da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores um debate onde finalmente o Partido Social Democrata consubstanciou as suas propostas contra a crise económica. Tive, ao fim de tanto tempo de espera, a oportunidade de perceber qual era a estratégia deste Partido. Era o “momento PSD”... Apresentaram uma proposta de choque fiscal que consistia numa baixa na taxa de IRS, em que aqueles que ganham mais de 5400 euros tinham um aumento seis vezes e meio superior aqueles que ganham apenas seiscentos e poucos euros. Esta proposta baseia-se no princípio, (que não subscrevo, obviamente), de que mais dinheiro na mão dos mais ricos tem mais efeito no crescimento da economia, do que o mesmo dinheiro aplicado pelo Governo em investimentos públicos que criam riqueza e emprego na nossa terra.

No âmbito do apoio à aquisição habitação própria, julgo que a estratégia também não foi a mais correcta. Pela primeira vez, vi o PSD incomodado com a falta de consistência da sua proposta. Tiveram que recorrer, a um dos seus melhores quadros, para disfarçar esse facto. Basicamente, propunham-se bonificar os spreads em 50%, por cinco anos com possibilidade de mais cinco, em empréstimos para compra de habitação. Na minha opinião, o problema desta proposta não está no que ela diz, mas sim, no que ela não diz. O principal problema no acesso ao crédito, está no facto de a banca não emprestar o total do valor da habitação a adquirir, o que obriga a quem quiser comprar casa ter de utilizar poupanças que geralmente não tem. Por outro lado, sabemos todos que, o juro está baixo, o que está alto, é o valor do spread. Ora estabelecer uma comparticipação de 50% do spread, sem estabelecer um limite máximo ao mesmo, pode criar uma situação em que os Bancos aumentam o valor do deste de forma a receberem mais comparticipação do Governo, com isso melhorando os seus resultados.

Por último, destaco o Plano de Regularização de dívidas ao Fisco e à Segurança Social. Este plano proposto é provavelmente o mais fácil exercício de oposição ao Governo, que já conheci. O PSD sabe que há empresas em dificuldades que têm dívidas a estas duas entidades e apresenta ao Parlamento uma resolução que se limita a dizer “resolvam o problema ou digam ao Governo da República para o fazer”. É caso para dizer que fazer oposição assim, qualquer um faz. Esquece-se de referir que as competências que o Governo Açores tem, sobre esta matéria, já estão a ser utilizadas ao máximo. Esquece-se de referir que já existem planos de regularização de dívidas ao Fisco e a Segurança Social em vigor e a ser amplamente concretizados. E sobretudo, esquece-se de dizer concretamente, como acha que o problema deve ser resolvido.

Infelizmente, o PSD/Açores está cada vez mais parecido com o PSD de Manuela Ferreira Leite.

Não elogia ou nem sequer comenta, propostas do PS, como a criação de um passe social único que pode baixar o custo dos transportes públicos para os utentes regulares em pelo menos 50%. Pratica com fidelidade absoluta a política do bota-abaixo. Não consegue explicar nem concretizar uma única ideia sua para combater a crise.

Infelizmente é esta alguma da oposição que temos. Só pena tenho que não percebam nem queiram ajudar o Governo e os açorianos com propostas credíveis e consequentes no sentido, de todos em conjunto, ultrapassarmos os desafios que o futuro nos coloca.

SANTOS


A 14 de Agosto de 1385 a coragem fê-lo herói e Condestável por Aljubarrota. Agora, a Igreja Católica faz Santo do irmão carmelita Nuno Álvares Pereira.
Seis séculos depois Portugal acorda para mais uma canonização, porque os heróis já não nos chegam.
Haja Deus, porque da falta de santos não há razão de queixa…Quando muito da falta de milagres.

Socia-light

Num texto que tanto fala em "roquêras", o articulista mais parece estar a lançar "very lights". Case study ou under pressure?

domingo, abril 26, 2009

De uma fotografia



Podíamos ter tido mais tempo, quiçá roído as dobradiças
do lado humano das coisas boas e os pregos do lado humano
das coisas más. Podíamos ter sido tudo.
Bastava que a nossa morada
fosse esta...

sábado, abril 25, 2009

sexta-feira, abril 24, 2009

Liberdade



— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.

— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.


Miguel Torga, in 'Diário XII'

quinta-feira, abril 23, 2009

À Janela do Mundo

Os lugares de pessoas dos lugares

Na passada 2ª feira, foram os açorianos surpreendidos com a indicação de outra candidata que não o já anunciado pela líder do PSD/Açores, para as listas sociais-democratas ao Parlamento Europeu. Os episódios que a este episódio sucederam mancham a política açoriana, quer pela transparência que se lhe impõe, quer também pela verdade, que se pede.

Se, numa primeira abordagem, poderíamos ter pensado que se tratava do cumprimento de uma lei, a da paridade, noutra, logo a seguir, ficámos a saber que não, que não tinha sido essa a razão de tal escolha que implicou com a vida de três (quatro?) pessoas. Falo de Duarte Freitas, ex-candidato do PSD/Açores ao Parlamento Europeu; de Jaime Jorge, actualmente deputado na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e de Maria do Céu Patrão Neves, Professora Catedrática na Universidade dos Açores. Esta última foi escolhida, não por ser mulher, mas porque sim…Ainda ninguém explicou o porquê de tal escolha, mas ainda houve tempo de se garantir, pela voz da quarta implicada, que era um lugar muito à frente do lugar da Região Autónoma da Madeira. Era-o de facto, mas só até 3ª feira de manhã, porque, depois disso e lá, pelo almoço já todos sabíamos que, afinal, aos madeirenses era dado o 5º e era homem o escolhido. No Parlamento Regional, 4ª feira, os deputados regionais quiseram dar a volta à história. Compreendo o desespero, mas não aceito nem uma das comparações. Aprecio as declarações entusiasmadas de Cláudio Lopes sobre o companheiro patrício; percebo Pedro Gomes e as suas afirmações sobre Manuela Ferreira Leite, no Twitter e na coluna que assina neste jornal; até entendo perfeitamente a necessidade de António Marinho vir a debate explicar-se. Afinal, tratou-se de mais um desrespeito do PSD nacional para com os Açores e os sociais-democratas açorianos; primeiro, com o Estatuto, agora com a indicação do candidato do PSD/Açores ao Parlamento Europeu. É mais uma derrota de quem lidera o PSD na região. Afinal, não basta ir a Lisboa e ser agraciada com o galardão de figura do futuro. É preciso mais. É preciso dimensão política. A líder do PSD/Açores não a tem: “ (…) Os lugares são mais importantes do que os nomes, mesmo que esses nomes sejam tão importantes como é o do Duarte Freitas (…)”. (Líder do PSD/A, Telejornal RTP/Açores, 21/04/2009)

Há lugares de pessoas e pessoas dos lugares.

O que não pode haver é lugar para políticas como estas.