quinta-feira, janeiro 28, 2010

À Janela do Mundo

Desnorte Total

Nos últimos dois anos vimos assistindo a uma degradação evidente da gestão camarária em Ponta Delgada. Por incrível que pareça, aquele que era o exemplo da gestão social-democrata nos Açores tem vindo, progressivamente, a afundar-se nas tricas partidárias, na competição desenfreada e injustificada com o Governo dos Açores, nas medidas compulsivas e avulsas para encher jornais e na tomada de decisões erradas que podem comprometer o futuro do maior concelho dos Açores. Tudo isto porque a principal preocupação da Presidente da Câmara de Ponta Delgada não é desenvolver o seu concelho, mas sim, “assaltar o poder”, como dizem os seus correlegionários, nas próximas eleições regionais.


Os parques de estacionamento construídos sem lógica de planeamento, como o parque da avenida, a construção de avenidas novas, à pressa, que ou metem água ou não servem para absolutamente nada, como a estrada da rocha da relva, o museu de arte contemporânea, que será, imagine-se, o segundo dos Açores, cujo arquitecto com mais de 100 anos de vida se propõe, a peso de ouro, fazer um projecto de milhões igual a tantos outros seus espalhados pelo mundo, são alguns dos exemplos de que se anda a governar à vista em Ponta Delgada, apenas tendo em atenção o lucro mediático, esquecendo que o concelho tem problemas graves que devem ser o principal alvo da nossa atenção urgentemente.

Falo da desertificação do centro histórico, das centenas de edifícios devolutos, alguns em risco de desmoronamento, na zona que já chamamos a “cidade velha”, do comércio tradicional sem um plano de desenvolvimento sustentado pela Câmara, das freguesias da periferia que são autênticos dormitórios esquecidos pelo poder autárquico, sem equipamentos sociais, que servem apenas para contribuir para as receitas camarárias. Falo sobretudo, da ausência total de um plano de desenvolvimento sustentável. Hoje é impossível compreender quais as prioridades nas obras camarárias, o tipo de empresas que se pretende fixar no concelho ou sequer que meios financeiros terá o município disponíveis no futuro. Em suma, ninguém sem sectarismos consegue perceber o que se pretende para esta cidade nos próximos 10 anos.

Este desnorte completo na gestão do município, já foi percebido no interior do PSD, que chamou o Deputado José Bolieiro para Vice-presidente da Câmara para por “ordem na casa”. Infelizmente José Bolieiro, a quem reconheço seriedade e contenção, não conseguiu evitar que a Presidente de Câmara de Ponta Delgada voltasse a trazer à baila a ideia estapafúrdia de construir um bloco de apartamentos, que é também um centro comercial, que é também uma central de camionagem, com mais de 100 autocarros e que é também um grande e feio mamarracho, junto de uma zona que é indiscutivelmente um património da nossa região.

A edil de Ponta Delgada rotula os seus críticos de serem contra tudo o que anuncia e faz, independentemente do mérito da obra. Não me revejo neste comentário, pois muitas vezes defendi obras camarárias, como a do novo parque da cidade.

Mas se ser contra tudo é chamar a atenção dos erros gravíssimos que estão a ser cometidos na nossa cidade e que comprometem o desenvolvimento futuro do concelho, pois bem, não me importo nada de apanhar esse rótulo.

Quem diz o que quer ouve o que não quer

José Manuel dos Santos nunca disse o que queria, logo nunca ouviu o que não queria. E viveu feliz para sempre! The end.

quarta-feira, janeiro 20, 2010

sexta-feira, janeiro 15, 2010

MUDAM-SE OS TEMPOS...

O Presidente da República, Cavaco Silva, vai condecorar na terça-feira quatro “personalidades que exerceram funções públicas de alto relevo”, entre as quais o ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.”
Lisboa, 15 Jan (Lusa)

Cavaco Silva, o Professor, expulsou a má moeda.
Cavaco Silva, o Presidente, devolve-a agora, e com honras, à normal circulação.
Para quem sabia que as vontades mudam com os tempos, fica também a saber que as opiniões podem mudar com os cargos.

domingo, janeiro 10, 2010

A central das frases

"...já te disse que são os do primeiro...
...e afinal não pudémos telefonar...
...ai nem queira saber o engenheiro...
...se me dão licença eu vou contar...
...penses nisso era só o que faltava...
...não as outras duas é que são as tais...
...mas o senhor presidente autorizava...
...na avenida centenas de pardais...
...de facto muito inteligente...
...ó filha por aqui fazes favor...
...que veio ontem para falar com a gente...
...é mesmo lá ao fim do corredor..."


Alexandre O´neill

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Low-cost: de onde e como?


Ouvi com espanto as declarações do Presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada sobre a implementação de voos low-cost para os Açores. Mário Fortuna apresenta o conceito low-cost como a nova descoberta para o futuro do turismo dos Açores. Mas tendo algum trabalho em esmiuçar as declarações deste responsável, bem como de outros, em declarações mais recentes, verifico que na verdade nos apresentam uma mão cheia de nada.

Em primeiro lugar não consigo perceber, em todos os escritos sobre o assunto, a proveniência das ditas companhias de low-cost. Apenas sei que se destinam a São Miguel e que, supostamente, irão proporcionar tarifas muito baixas aos passageiros. Ora se estamos a falar de voos com proveniência fora de Portugal, a iniciativa de Mário Fortuna parece-me muito estranha, pois já há uma companhia de low-cost a voar para os Açores, a Air Berlin, sendo possível a qualquer outra companhia aérea, de low-cost ou não, voar para a região sem restrição absolutamente nenhuma. Se mais companhias não voam para a região é porque certamente não vêem viabilidade no mercado açoriano.

Em segundo lugar, assumindo que a proveniência dos voos low-cost é Portugal continental e que o espaço aéreo para São Miguel não tem restrições, gostaria de perceber quais as tarifas que serão praticadas de e para a região. Será possível a um residente em São Miguel, que necessita de viajar para Lisboa, impreterivelmente a uma determinada data, pagar menos por um bilhete de ida e volta do que 240 euros? Será possível a um residente em São Miguel, pagar em média por tarifa promocional, actualmente disponibilizadas cerca de 10% de cada voo LIS/PDL, menos do que 145 euros? Será possível a um turista pagar em média, por tarifa promocional menos do que 190 euros?

Infelizmente o exemplo da liberalização do espaço aéreo da Madeira responde negativamente às duas primeiras questões que coloco. Apesar do subsídio a cada passageiro residente, de 60 euros, a tarifa sem restrições naquela região continua a ser em média superior, proporcionalmente à praticada nos Açores. Tendo em conta também, que o número de tarifas promocionais, naquele arquipélago, com valor inferior a 145 euros, são algumas dezenas por mês, verificamos que na prática um residente paga em média mais na Madeira proporcionalmente por uma tarifa promocional, do que paga nos Açores. A prova do que digo, é que por três vezes a Assembleia da Madeira já propôs aumentar a comparticipação do bilhete ao residente, chegando mesmo a propor uma comparticipação a 50% sem limite máximo de preço de bilhete.
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De facto, só para o turismo, acredito verdadeiramente, que este modelo liberalizado funcionaria, pois estamos a falar de um passageiro tipo que quereria viajar para os Açores uma ou duas vezes por ano e que facilmente conseguira aceder a uma tarifa promocional convidativa na ordem dos 100 euros.

Acredito sim que, com algumas modificações e aperfeiçoamentos no actual modelo de obrigações de serviço público, é possível obter tarifas promocionais mais baixas para todos os passageiros, sem prejudicar os residentes de toda a Região.

terça-feira, janeiro 05, 2010

A(boiar) palpites

Em campanha nos Açores, o candidato a líder do PSD nacional, Castanheira Barros, brindou-nos com uma ideia fenomenal: fazer túneis para ligar as ilhas do triângulo umas às outras (sendo que o Faial teria dois e São Jorge um a ligar ao Pico).
Tal ideia – apontada por um candidato à liderança de um partido político, como o PSD – caiu aqui, em seco, e no seu congénere de cá, não houve viva alma, que se levantasse do lugar para dizer “muito bem” ou “muito mal”. O provérbio diz que quem cala, consente.
A avaliar pelo silêncio e pelos sorrisos das fotografias, o PSD/Açores concorda.
É certo que, em boa verdade, tal circunstância não nos impressiona. Afinal, não são de agora os sinais de falta de estratégia marítima do PSD, nos Açores.
Sempre a reboque da situação, ou como se dirá na gíria naval: sempre na ré, nunca na proa; sempre a servir de rombo, nunca a servir de estopa. Como se vê, não faltam metáforas navais para definir este PSD, que agora quer meter debaixo de água, em forma de túnel, os açorianos do grupo central…
Seja como for, a grande “notícia marítima” deste início de ano, para os milhares de passageiros dos transportes marítimos das ilhas do grupo central não são certamente os túneis de Castanheira Barros, mas sim o facto de terem sido reforçadas as ligações marítimas entre as ilhas do Grupo Central, através da adopção de um novo modelo definido pelo Governo dos Açores, que permitirá a realização de mais ligações, com maior capacidade de oferta de lugares e novas tarifas com reduções de preço.
Ora, enquanto uns procuram a todo o custo uma “nesga” de luz ao fundo do túnel, quais toupeiras, outros há que com persistência e sentido de responsabilidade se ocupam de resolver as reais necessidades dos açorianos, respondendo de forma clara e eficaz, às suas legítimas expectativas.
É a diferença entre estar para concretizar e estar para aboiar palpites. Aboiar, que é como quem diz atirar para longe ou, pura e simplesmente, ficar a boiar por conta de um palpite…

sexta-feira, janeiro 01, 2010